02 fevereiro, 2010

Apresentação

Durante o segundo semestre de 2009, pouco mais de meia centena de crianças com idade entre 9 e 12 anos, tiveram contato conosco, mais intensamente com a pessoa que eles chamavam de “Professora Priscila”. Foram encontros semanais que tinham como objetivo maior compartilhar com eles uma experiência de realização audiovisual. Ou, como diziam: fazer um vídeo. Assim nasceu o projeto Fazendo-vídeo: primeiro na mente depois no mundo real.

Não era um pretexto pois, de fato, cada grupo de alunos realizou o seu vídeo. No entanto, acolchoando esta “meta”,  estava o nosso propósito de proporcionar a estes meninos e meninas, além do contato com a mídia, também momentos de alegria e reflexão que combinassem  aprendizados e descobertas do mundo e de si mesmo.

É claro que, por mais intensa que fosse essa convivência (e foi!), era importante que não perdêssemos o nosso olhar de “estrangeiros”. Explicando melhor: não queríamos mergulhar no cotidiano da escola, que já tem suas regras e, de certo modo, um olhar um tanto definido sobre cada criança. Por que, sabemos, a escola, que todos frequantamos, é, talvez, um dos primeiros lugares que vai nos imprimir uma imagem. Assim, encontramos na escola o garoto inteligente, a garota interessada, o bagunceiro, o dispersivo... e, assim por diante. Enfim, tínhamos como objetivo conhecer um pouco de cada um a partir da sua relação com o meio audiovisual, independente do que este aluno ou aluno é na escola.

Hoje, projeto concluído, vimos que muito do que buscamos foi conquistado e, também, que fomos surpreendidos com outras descobertas. Meninos e meninas que eram, aparentemente, desinteressados e alheios, envolveram-se, profundamente, no “projeto vídeo”. Alguns, passaram a valorizar a escola. Outros, que amam a escola, ampliaram suas curiosidades e, com afinco, cumpriram as tarefas que eram determinadas a cada semana.

E, óbvio, também tivemos os desinteressados que ora ficavam à parte ora tentavam participar, mas quase sempre sem o envolvimento que significava responsabilidade e trabalho em grupo.
Enfim, o que este projeto apontou é que o audiovisual não pode mais ser algo que não seja aprendido também na sala de aula. Muitas destas crianças confirmaram esta percepção nos pequenos textos que escreveram para nós e que aqui reproduzimos.

Vale à pena conhecer cada um pois, sob o tema “Felicidades”, essas crianças foram alinhavando o que as deixam felizes e a forma como observam o mundo e as pessoas que as rodeiam. São pistas mínimas, indícios, mas é interessante, por exemplo, vermos o quanto a família está valorizada e, também, a escola. Há, ainda, um grande destaque para o “Jogar video game”, “ter amigos” e algumas surpresas lindas, que revelam a individualidade e o imenso potencial que existe em cada um: “adoro ciências”, “amo matemática”, “ler”, “ficar em silêncio”, “de ser uma pessoa melhor”...

Torcemos muito para que estes desejos não se percam na aridez que tem sido o território da Educação em nosso país. Nossa esperança procede já que em outros lugares existem projetos como o nosso que, sem grandes ambições, conseguem  revelar novas possibilidades para o ensino público atual. Por isso, registramos aqui o profissionalismo e parceria da Secretaria de Cultura de Amparo, que tem investido na estratégia de trabalhar junto às crianças e jovens, rompendo os muros e os padrões tradicionais da escola. E agradecemos às professoras e às crianças, sempre generosas e amigas, que nos apoiaram e viabilizaram o projeto.

Bom é isso. Um projeto simples mas que nos ensinou muito e que tentamos mostrar, um pouco,  neste blog. Se puder, se houver interesse, conheça as crianças e confira o que cada um considera “felicidade”. Assista aos vídeos, concebidos e gravados por elas, e editados pela Priscila. E, se possível, nos retorne, dando sugestões ou qualquer dado que você considerar bacana. Este blog, afinal, tem como objetivo principal trocar idéias com todos que vivem a Educação.

Aguardamos sua opinião!