01 fevereiro, 2010

Fragmentos da vida

Foi rápido, quase instantâneo. Nem bem falamos sobre o que teriam que escrever (o que, para cada um, era “felicidade” ), os meninos e meninas, lápis na mão, passaram a enumerar o que os deixava feliz.


São testemunhos mínimos de como cada um percebe e vive o mundo em que está mergulhado. Com pouco mais de nove anos – os mais novos – e por volta de 12 – os mais velhos -, estas crianças revelam suas preferências, memórias e expectativas.


Sem censura ou temor, o mundo concreto de cada um surge, traduzido por “andar de bicicleta”, “jogar video game”, “escutar música”, “brincar de pega-pega”, “nadar”, “cachorro”, “pular elástico”, “dançar”...

Mas, em meio a estes dados, digamos, objetivos, surgem outros vestígios, sutis, que revelam o quanto estas crianças também vivenciam um universo que expressa a sua subjetividade: “receber elogios”, “o abraço da minha mãe”, “ficar com a família”, “quando a minha mãe me acorda”, “ver a felicidade da minha família”, “estar na casa da minha avó”, “ser respeitada”, “olhar o céu azul”, “ser quem eu sou”...

Assim, já dona do seu destino, a criança coloca o afeto, a sensação de bem-estar, de ser cuidada, como dados essenciais da sua vida. Estar atenta a estas trilhas é dever da escola e também da família. A forma como se valorizará esta percepção expressa em cada depoimento, pode colaborar, significativamente, para que a auto-estima seja preservada e o mundo adulto possa surgir, sem maiores dores.

Nem sempre a escola tem tempo para uma atenção individual que, quem sabe, poderia impedir muitos dos impasses que ela mesmo enfrenta em relação à boa parte dos adolescentes. Ali, na primeira fase do ensino fundamental, poderia (deveria) ser construída uma sólida confiança mútua: de um lado, respeito ao sonho e desejo de cada aluno e, do outro, o dever deste aluno em relação aos colegas e à instituição.

Ainda não é assim, sabemos. O porquê é desta forma tem diagnóstico amplo e soluções ainda difíceis de ser implementadas. De qualquer modo, a aposta em parcerias dos governos com pesquisadores e professores da Universidade pública, pode ser um caminho viável. É nisso que nós acreditamos. Se você pensa algo parecido ou se quiser conhecer melhor nossos projetos, entre em contato.